Sunday, July 04, 2021

Cancel culture: essa abominação

Há um assunto que me tem fervido o sangue nos últimos dias - na verdade já me ferve o sangue desde o início, há uns anos portanto, mas como ultimamente tenho visto este comentário repetidas vezes, despertou-me novamente a fervura.

Por duas vezes esta semana deparei-me com comentários de booktubers que diziam coisas deste género:

1. "Já não compro merchandasing e produtos do universo Harry Potter a menos que sejam em segunda mão porque não quero adicionar à riqueza da J.K. Rowling depois dos comentários dela."

ou

2. "Her who must not be named" (trocadilho curioso)

Eh pá... Ela disse a coisa correcta com os comentários às pessoas trangénero? Obviamente que não! Se eu concordo com ela? Não, de todo! Acho que aqueles comentário foram das coisas mais abomináveis de um ser humano dizer sobre outro. Se acho que é motivo para o boicote generalizado que estes burros andam a fazer? Mais uma vez, não!

Primeiro que tudo, ela expressou uma opinião. Não acho que seja correcto nem que tenha qualquer fundamento, mas não deixa de ter direito a ela. 

Segundo, esta gente já ponderou sequer na quantidade de pessoas que ela ajudou (e ainda ajuda) com a fortuna que fez? Tanto quando sabemos, grande parte dos lucros que ela tem foram e continuam a ir para fundações e associações que dão apoio a crianças necessitadas ou pessoas com doenças congénitas e degenerativas que sem esse apoio provavelmente não teriam vivido até hoje.

Terceiro, não vejo ninguém a boicotar os "pro-gun" nos Estados Unidos, ou os filmes produzidos pela empresa do Harvey Weinstein. Que é uma atitude curiosa.

Esta era da cancel culture é só estúpida! Cada vez que alguém diz alguma coisa contrária ao que acreditamos ou se exprime uma opinião diferente da nossa "Bora lá boicotar isto" ou "Vamos já cancelar tudo o que tenha remotamente haver com isto". *facepalm* É só estupido e tão close minded como as pessoas que dizem que as mulheres trangénero não são mulheres!

É rídiculo e tem que acabar.


Wednesday, May 19, 2021

A coisa que mais me chateia na procura de emprego

Vejo vezes sem conta anúncios para determindas oportunidades ou até publicações nos Linkedins, Facebooks e Twitters da vida a enaltecerem empresas por serem eleitas "melhor empresa para trabalhar blá blá blá", "melhor empresa com respeito por isto e aquilo", "empresa que dá prioridade às pessoas" and so on...

E depois quando uma pessoa manda uma candidatura recebe ZERO feedback. Nem obrigada, nem um "agradecemos mas o seu perfil não foi selecionado" ou "optámos por outro candidato" ou até um "não foi seleccionado porque tal e tal e tal". Nada! NICLES!

Grandes empresas estas...!

Wednesday, April 28, 2021

A merda do Estado

 Isto enfurece-me.

Uma pessoa faz descontos durante n tempo e quando precisa do apoio tem que dar 1001 contrapartidas para ter direito ao dinheiro que deu para estes cabrões meterem ao bolso e sustentarem vidas milionárias.

Exemplo: Fundo de Desemprego.

Descontei regularmente nos últimos 5 anos. Agora preciso do Fundo de Desemprego a que tenho direito. Contudo, tenho que dar provas de que estou a procurar trabalho, tenho que aceitar toda e qualquer formação que me impinjam mesmo que seja de horticultura, tenho que aceitar o trabalho que aparecer mesmo que não seja dentro daquilo que estudei e que invalide os 10.000€ que já gastei em formação, tenho, tenho, tenho, tenho...

O que é que eles têm de fazer? Marcar toda e qualquer falta mesmo que seja por 5 minutos porque fui à casa de banho, não pagar o subsídio de refeição porque entrei 30 minutos atrasada porque estive numa consulta.

Eles não têm que fazer nada. Só têm que tirar de quem merece aquilo que contribuiu.


E ainda dizem que o fascismo acabou...

Thursday, April 01, 2021

Sobre médicos e o complexo de Deus

Disclaimer: Não sou médica, nem profissional de sáude. Isto é apenas uma opinião leiga de quem é muito céptico em relação a tudo - inclusive lugares de poder.

 

Ando há uns tempos a pensar sobre isto. 

Desde o inicio desta pandemia que começei a seguir algumas médicas que partilham conteúdos no instagram. E na verdade isto deixou-me a pensar: porque é que não há mais informação médica fidedigna a passar cá para fora?

Será que há uma geração de médicos com um complexo de Deus?

Quantas vezes não fomos já ao médico e perguntámos "Mas porquê?" e fomos dispensados com um "Não se preocupe vai correr tudo bem" ou algo parecido? Ou simplesmente fomos ao médico aceitámos o que ele/ela nos disse e corremos à farmácia a comprar tudo o que nos receitou?

Naturalmente, também não sou apologista da automedicação ou de fazer aquilo que a minha mãe faz que é dizer "Ah, este medicamento não é preciso, basta o outro" (ela trabalha numa farmacêutica e acha que isso lhe dá um licenciatura em farmácia por equivalência).

Os médico são como todos os profissionais: há bons médicos, médicos mediocres e maus médicos. E se estivermos a falar no público não há forma de os conseguir distinguir.

Por isso tem que haver uma consciência da nossa parte em questionar aquilo que nos estão a dizer. A ciência é algo que evolui todos os dias e como tal quem trabalha na área deverá acompanhar a evolução que é feita. Mas nós, meros plebeus, não temos forma de saber se os médicos que consultamos o fazem (ou temos?). Por isso está do nossa lado sermos mais inquisitivos em relação aquilo que um médico nos diz para fazer.

Questionar porquê aquele medicamento, o que é que o compõe, como é que vai actuar. Questionar sobre a doença, o que é, o que faz ao organismo para termos x, y e z sintomas.

Os médicos são pessoas, tal como o resto de nós. Não estão acima nem abaixo de ninguém. A única diferença é que tem um conjunto de conhecimentos que muitos de nós não têm. Mas se lhes perguntarem sobre investimentos ou economia é provável que não vos saibam responder.

Médicos não são deuses todo-poderosos. Fazem um trabalho maravilhoso grande parte das vezes, mas continuam a ser humanos faliveis.


P.S: Os médicos não têm nutrição na universidade (isto foi-me dito por um médico) por isso quando um vos recomendar fazer algum tipo de alteração alimentar sem consultar um colega nutricionista take with a grain of salt e procurem um nutricionista que vos possa acompanhar correctamente.

Wednesday, March 17, 2021

Um pequena ted talk sobre investimentos

Tenho andado a ler muito e a investigar sobre investimentos. 

Há um entendimento comum que o investimento nos dá imenso retorno a longo prazo. Para a reforma.

E isso é tudo muito giro mas se virmos as coisas de uma perspectiva realista a verdade é que as idades da reforma estão a aumentar. E dificilmente isto é algo que vá mudar. No limite aumenta, não diminui.

Portanto neste momento a idade da reforma em Portugal é de 66 anos e 6 meses. Se mantivermos este racional (aumento de 1 mês na idade da reforma por ano) quando chegar a minha vez a idade da reforma será 69 anos e 10 meses (são quase 70).

O que é que eu faço com 200K (supondo) com 70 anos? Vou viajar? De andarilho? Vou comprar um monte no Alentejo do qual não posso tratar? Vou fazer o quê com esse dinheiro? Deixar à descendência?

Não o vou gozar para que é que o estive a poupar?

Não me entendam mal, acho que a poupança é de facto importante. Ter segurança para me despedir de um trabalho que não gosto e poder ainda ter algum tipo de rendimento. Ou poder mandar tudo às urtigas e mudar de país. Ou haver alguma urgência médica que requira (requeira?) valores avultados. 

É importante ter poupanças. Mas também é importante viver enquanto podemos.

"Ah mas ninguém está a dizer para deixares de fazer as coisas que gostas para conseguires poupar!"

A mim não, mas ao português comum que recebe o ordenado minimo se calhar estão.

Incentivar as pessoas a poupar é muito giro e bem intencionado, mas digam à minha esteticista que dispõe de dois ordenados mínimos, tem uma filha em idade escolar (e todos sabemos os custos que isso acarreta), uma renda para pagar porque não lhe dão um empréstimo bancário (que faria com que os encargos com a habitação fossem consideravelmente mais baixos) que tem que colocar 30% dos seus rendimentos de parte para poupar.

Vai chegar uma altura em que ela vai ter que escolher entre comer ou comprar roupa para filha que a antiga já não lhe serve e colocar dinheiro no banco para uma reforma que ela não vai poder aproveitar verdadeiramente.

Parece-me a mim que estas conversas de poupança e investimento estão feitas para a burguesia (guilty here!) que consegue auferir salários razoáveis e ter progressão na carreira, que é jovem, não tem filhos e provavelmente mora com respectivos namoridos.

Provavelmente estou a ser exagerada. Se calhar há formas de quem recebe menos o conseguir fazer. Mas isso nunca é falado.

Há tempos segui e inscrevi-me numa comunidade de finanças para mulheres. E estava a ser interessante até começar a ouvir como forma de ter independência financeira repetidamente "O melhor é teres o teu próprio negócio". Vezes sem conta.

Às tantas começei a pensar "E se a Maria não quiser ter um negócio próprio? E se ela não tiver as competências para isso?". 

Ter um negócio próprio pode ser muito vantajoso: definimos os nosso próprios horários, fazemos as nossas regras, não temos chefes a buzinarem-nos aos ouvidos sobre aquele relatório que ainda não entregámos. Mas também não temos ninguém que trate das burocracias da Segurança Social ou das Finaças por nós, não temos ninguém que assegure o trabalho se apanharmos mononucleose ou se o filho tiver com varicela e acima de tudo, tanto podemos receber 100€ como 100 000€.

E honestamente por muito que eu queira ter o meu próprio negócio (que quero - working on it) também percebo a atractividade de ter um emprego por conta de outrem. Então se formos efectivos melhor ainda! Temos aquele valor seguro ao final do mês, podemos sempre fazer mute ao chefe chato (embora não recomende que eu fiz isso e dei-me mal - a menos que sejam muito bons no que fazem e se tornem semi-indespensáveis) e as burocracias não são problema nosso. Para além do seguro de saúde (para os hipocondriacos como eu, ter seguro de saúde pela empresa é um sonho tornado realidade)

Isto tudo para dizer o quê? Investimentos e independência financeira são importantes e a poupança é extremamente importante. Mas também é importante que os oradores e intelectuais deste tópicos tenham em atenção que acabam por meter na cabeça das pessoas sonhos que é muito complicado elas conseguirem concretizar. E a verdade é que até é possível que "as classes mais baixas" (odeio esta expresão mas não encontro outra melhor) consigam criar uma poupança e definir objectivos de investimento mas a acontecer isso tem de ser feito no incio da vida activa/carreira. E isso passa muito pela literacia financeira. Por ensinar às crianças, aos jovens a importância da poupança e do investimento.

Falo por mim, não me lembro de ter aprendido nada sobre poupança e investimento na primária ou no básico. Nem sequer no secundário. E sou de Economia. Sempre fomos levados a crer que o investimento era para quem tinha dinheiro. E o Zé Povinho nunca lá chegaria...

Saturday, March 13, 2021

A história de uma pandemia e a (in)dependência

 Toda a gente fala dos pais que tiveram que ficar em casa com crianças pequenas e em idade escolar Relamente é dificíl conjugar tudo mais o trabalho, as compras, as limpezas e respectivos conjuges.

Mas algo que ninguém fala são os adultos que ainda vivem com os pais ou que (muitos por causa da pandemia) voltaram a viver com os pais.

E tenho a dizer, que é possível que seja semelhante à situação dos pais com crianças. Com excepção de que não os podemos meter a fazer uma sesta ou ligar a TV na Patrulha Pata.

Vou falar por mim: partilho os meus living quarters com mais três adultos com os quais também partilho ADN. Um deles está igualmente desempregado e sem preocupação em deixar de estar, o outro está em teletrabalho e o terceiro felizmente ainda vai ao escritório diariamente.

Pessoalmente, gosto muito do meu espaço pessoal. E de silêncio! Sou uma grande fã de silêncio. E também gosto de comer uma embalagem de Ben & Jerry's ao jantar se não me apetecer fazer comida. Ou de tomar um banho de imersão às duas da manhã. E acima de tudo gosto de me vestir sem correr o risco de alguém me entrar pelo quarto adentro enquanto tenho uma mama de fora do soutien.

Eu sei que é tudo escandalosamente luxuoso. Espaço pessoal e privacidade? O que é isso neste século?

E há quem diga "Então, saí de casa dos teus pais!". Tudo certo com excepção de "Com que dinheiro?".

Ponto 1 - desemprego e empréstimos imobiliários não se dão muito bem

Ponto 2 - "Ah e arrendar?" Certo também. Mas quando um mísero T0 decrépito custa mensalmente 90% do teu ordenado também fica dificíl. Até porque assim sendo como é que poderia jantar o tal Ben&Jerry's não é?

Cada vez que sei de um colega que vai sair de casa dos pais é porque se vai emparelhar com alguém.

Então mas agora só posso ter um espaço independente se estiver emparelhada? E se eu não quiser estar emparelhada? E se eu não quiser partilhar o espaço com alguém que deixa a roupa suja espalhada e a loiça no lava-loiças por lavar? Ou se não quiser partilhar o espaço, ponto?

Os millenials solteiros em Portugal perderam a possibilidade de independência. 

Mesmo que não estivesse desempregada era muito difícil comprar uma casa sozinha. Já nem falo em arrendar porque isso é impensável.

E a pergunta fica no ar: Como é que é suposto vivermos assim? Vamos ficar na casa dos nossos pais eternamente? Ou até chegarmos aos 40 anos que é quando vamos atingir o nível de ordenado que nos permite pagar as contas sem ter de contar os cêntimos?

Na minha opinião é só uma vergonha. Tanto os ordenados que recebemos, como o valor dos descontos, como os preços das rendas e dos imóveis.

E esta é a minha situação. Fechada em casa com mais três loucos, sem trabalho e sem possibilidade de fugir.




Sunday, March 07, 2021

Imposter Syndrome and other thoughts

 Quando uma pessoa tem demasiado tempo livre pensa nas coisas. Em várias coisas.

Recentemente tenho pensado em projectos. Porque um rendimento do trabalho por conta de outrem já sabemos que não é suficiente para uma jovem solteira viver com dignidade. Especialmente se essa jovem solteira fizer psicoterapia não comparticipada (shame on you SNS!). Por isso pus me a pensar de que forma podia conseguir um rendimento extra.

No fim de contas cheguei a conclusão que é dificil para mim identificar algo que eu seja boa a fazer e ao mesmo tempo que possa cobrar dinheiro por isso. No entanto surgiu-me uma ideia para um passion project. É algo que eu já penso há algum tempo.